Com o objetivo de analisar as transformações de um território hidrossocial na bacia do Rio Corrente, uma região do Cerrado que vive um recente desenvolvimento agroindustrial, pesquisadores do Observatório Matopiba revelaram em um estudo publicado recentemente que somente oito empreendimentos localizados na sub-bacia do Rio Arrojado possuem cerca de 954.408,14 m3/dia de captação superficial e subterrânea.
Se contabilizado por ano, somente essas empresas consomem duas vezes o consumo anual de uma cidade como Brasília.
O estudo buscou sistematizar os dados sobre apropriação de terra e água em um território hidrossocial no Oeste baiano. Correntina e Jaborandi são municípios inseridos em um contexto recente de expansão da fronteira agrícola e de produção de commodities. Contudo, é também o território de povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares que habitam aquelas paisagens há gerações.
O Rio Arrojado, afluente do Rio Corrente, que por sua vez contribui no abastecimento de águas do Rio São Francisco, foi palco da mais recente revolta popular em torno da apropriação das águas. A “Guerra da Água” evidenciou as disputas entre o agronegócio produtor de commodities e as comunidades tradicionais de fundo e fecho de pasto e agricultores familiares, que reivindicam as águas do rio para a manutenção dos seus modos próprios de vida e produção.