Durante os últimos três anos o Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF na sigla em inglês) vem apoiando projetos de diálogo para o uso sustentável de recursos naturais no Cerrado. São aproximadamente 55 projetos que compreendem diferentes direções estratégicas descritas no Perfil do Ecossistema, que nos deram uma sólida base científica para o trabalho no bioma.
Esse perfil elaborado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), pela Conservação Internacional (CI-Brasil) e pelo próprio CEPF, contou com a participação de 130 instituições públicas e privadas, que foram consultadas em cinco oficinas em todo o território que abrange o Cerrado.
O perfil representa um ótimo compêndio para todos aqueles que desejam investir na conservação dos recursos naturais e na gestão sustentável do território com todos os seus atores: povos e comunidades tradicionais, povos indígenas, agricultores e a população dos centros urbanos.
As linhas estratégicas de atuação, destacadas pelo perfil, são bastante abrangentes:
Todos aqueles que já trabalharam em gestão de programas podem entender nosso receio como gestores para lidar com linhas tão diversas. Contudo, ao longo do trabalho e na medida que a carteira do programa foi se consolidando – com projetos do Maranhão ao Mato Grosso do Sul – ficou claro que essa diversidade é precisamente uma das grandes características do Cerrado, esse imenso sertão de 2 milhões de km2.
Temos projetos com municípios e quilombolas; povos indígenas e produtores de café; botânicos e ornitólogos; extrativistas e ONGs. Essa diversidade, e cada parte contribuindo para a formação de paisagens sustentáveis, é o que está expresso no Perfil do Ecossistema e, por conseguinte, na atuação do programa no Cerrado.
As estratégias dialogam também com os territórios e com os corredores prioritários de investimento:
Mirador – Mesas
Corredor Central de Matopiba
Veadeiros – Pouso Alto – Kalungas
Sertão Veredas – Peruaçu
O fato de o recorte desses territórios obedecer sempre ao limite das bacias hidrográficas reflete a importância do elemento água, não somente para a biodiversidade, mas para o produção e para todos aqueles que usufruem desse elemento tão essencial à vida, como as cidades do Cerrado.
Cabe aqui, um agradecimento especial a todos que trabalharam na elaboração do Perfil, especialmente ao assessor sênior do ISPN, Don Sawyer, um pesquisador que há muitos anos vem contribuindo com o bom uso e conservação do Cerrado.
Esperamos que a publicação oficial desse perfil e sua documentação no catálogo bibliográfico, possa inspirar outros projetos e pesquisas nesse imenso Bioma que abriga tantos povos, paisagens e saberes tão essenciais para a biodiversidade, para a produção e o imaginário no Brasil.
“Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.” (Guimarães Rosa)