Segundo dados do MapBiomas, o desmatamento no Cerrado atingiu 659 mil hectares de floresta ao longo do ano passado
O desmatamento no Cerrado cresceu 32,4% em 2022 em comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados pelo MapBiomas Alerta nesta segunda-feira (12/6) por meio do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD).
Ao todo, foram 659 mil hectares desmatados no ano. Em 2021, foram destruídos 498 mil hectares de floresta do bioma. Segundo o MapBiomas, é a maior área devastada registrada pelo monitoramento desde o início do projeto, em 2019.
A área total desmatada durante o último ano da gestão Jair Bolsonaro (PL) no bioma representa aproximadamente um terço da supressão da vegetação nativa no país (32,1%).
A Bahia foi o estado que mais desmatou ao longo do ano passado, com mais de 157 mil hectares destruídos, o número representa um aumento de 67,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Maranhão, estado que mais desmatou entre 2020 e 2021, ficou em segundo lugar no ano passado com 152 mil hectares destruídos.
Em terceiro lugar está o Piauí com um aumento de 137% em relação a 2021, totalizando mais de 136 mil hectares desmatados.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Dhemerson Conciani destaca que o Cerrado necessita de mais fiscalização para reduzir o desmatamento dentro do bioma.
“Para reduzir o desmatamento no Cerrado, precisamos de ações integradas por meio do fortalecimento dos órgãos de comando e controle, além da ampliação da fiscalização e da implementação de punições severas contra grileiros e desmatadores ilegais, levando a autuações e ao embargo dessas áreas” destaca Dhemerson.
Entre os municípios que registraram os maiores índices de desmatamento aparece São Desidério, no oeste da Bahia, um dos principais produtores de soja e algodão do Brasil. Foram destruídos na região 36 mil hectares no ano passado.
“Essa região abriga grandes produtores de soja, milho e algodão. Este cenário em conjunto com a expansão de novas áreas para agricultura e pastagem, e a deficiência de ações de fiscalização por parte dos órgãos ambientais, contribui para a concentração do desmatamento nesta região. Essa destruição da vegetação nativa tem impactos na biodiversidade, no abastecimento dos corpos hídricos e nas comunidades tradicionais, que necessitam de um ambiente equilibrado”, explica Roberta Rocha, pesquisadora do Ipam.
O desmatamento dentro das unidades de conservação teve um aumento de 47% em 2022, quando foram destruídos 52 mil hectares. Desse total, 98% ocorre dentro Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Em contrapartida, as terras indígenas no bioma tiveram uma queda de 26% na área desmatada ao longo do ano passado.
“Uma das justificativas para o aumento do desmatamento é a abertura de novas áreas com foco na expansão agropecuária. A combinação de investimentos em técnicas de correção do pH dos solos do Cerrado, que são ácidos, bem como condições de relevo adequadas e solos bem desenvolvidos, favorecem a atividade agropecuária”, afirma Roberta Rocha.
O RAD reúne dados consolidados de desmatamento de todas as regiões brasileiras. O monitoramento analisa os alertas de derrubada de floresta detectados entre 2019 e 2022, e que foram validados e refinados por meio do uso de imagens de satélite de alta resolução do MapBiomas Alerta.