O WWF-Brasil participou, nesta quinta-feira, da 1ª Oficina para o comércio justo e solidário da cadeia do baru, organizada pela Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base na Economia Solidária (COPABASE) e realizada durante o IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado – que vai até dia 14 de setembro, em Brasília.
Produtores, compradores, varejistas, trabalhadores da Cooperativa, chefs de cozinha e representantes de organizações que trabalham pela conservação do Cerrado tiveram a oportunidade de, juntos, trocar conhecimentos e traçar caminhos para melhorar a cadeia produtiva da castanha exclusivamente brasileira e típica do bioma.
O gerente do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Julio Cesar Sampaio, acredita que a oficina é um passo importante para identificar soluções para os problemas que ainda persistem. “Existe uma demanda alta dentro e fora do nosso país. Existem produtores e existem compradores. O problema está nas deficiências entre essas duas pontas, como por exemplo falta de inovação tecnológica, principalmente na quebra da castanha, que ainda é um processo muito trabalhoso e duro, falta de conhecimento e pesquisa sobre o fruto, e necessidade de capacitação dos produtores e coletores”, afirma Sampaio. “Com este primeiro diálogo, produtores e compradores puderam trocar experiências e desejos de melhoria. O WWF-Brasil tem interesse em seguir apoiando essas trocas porque apoiar a cadeia produtiva sustentável do baru é apoiar a conservação do Cerrado e de seus povos tradicionais”, conclui.
Fabrício Ribeiro, sócio da empresa LABRA, que atualmente exporta a castanha para países como Estados Unidos e Canadá, esteve no encontro. “Foi muito importante entender o importante papel das cooperativas, dos assentados e dos quilombolas para o Cerrado. Sem essas comunidades não existe a preservação do baru”, disse. “É possível aperfeiçoar a cadeia produtiva com esforço conjunto: estabelecendo padrões de qualidade e preços mínimos a serem pagos, além de investir em inovação e tecnologia, principalmente na quebra da castanha, e melhorando questões sanitárias, via treinamento dos produtores”, continuou Ribeiro. “Precisamos mostrar para o consumidor que ao comprar o baru, ele está gerando renda para as comunidades e conservando o Cerrado. O componente socioambiental é muito forte”, finalizou o representante da LABRA.
A COPASE apresentou expressivos resultados com a produção de baru. Na safra de 2018, foram beneficiadas 10 toneladas da castanha e a expectativa é de atingir 15 toneladas em 2019. “O baru não é apenas um bem econômico que gera renda para as famílias extrativistas, mas um produto que gera autonomia e resgate da autoestima dos agricultores familiares extrativistas. O objetivo do cooperativa é manter as famílias no campo, de forma sustentável, contribuindo com o meio ambiente, ao mesmo tempo oportunizando a geração de renda. Neste encontro vamos destacar os princípios de comércio justo que devem ser praticados entre as indústrias de alimentos, agricultores e extrativistas.”, afirma Dionete Barbosa, coordenadora técnica da COPABASE.
A oficina foi financiada pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) Cerrado, uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, Gestão Ambiental Global, Governo do Japão e Banco Mundial.
O IX Encontro e Feira dos Povos é uma iniciativa da Rede Cerrado – da qual o WWF-Brasil faz parte. Todas as oficinas e atividades culturais são gratuitas e abertas ao público.
O WWF-Brasil trabalha pela sociobiodiversidade do Cerrado desde 2010, com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Humanize. As ações buscam promover o incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s), a implantação de tecnologias sociais e sistemas agroflorestais e o fortalecimento da gestão integrada das Unidades de Conservação e demais áreas protegidas. O WWF-Brasil também atua com ações de mapeamento territorial com foco no planejamento sistemático da conservação no Cerrado e no apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado com as Cooperativas Agroextrativistas e Associações Comunitárias. Realiza ainda ações de comunicação visando a valorização e o resgate do Cerrado.