Mulheres indígenas participam da plenária no segundo dia do ATL 2023. Foto: Lillian Bento
A importância das mulheres indígenas e de comunidades tradicionais na defesa e preservação do Cerrado e dos demais biomas brasileiros foi destaque durante a tarde desta terça-feira (25/04) na Plenária Mulheres Indígenas, realizada a 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL). Juntas as ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente), Daniela Carneiro (Turismo), Cida Gonçalves (Mulheres), a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) e a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, defenderam o protagonismo da mulher indígena no Brasil.
A ministra Sônia Guajajara lembrou da importância da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas, Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), articulada em 2020 e responsável pela organização da Marcha das Mulheres Indígenas, que neste ano chega a terceira edição.
“Nós estamos aqui em memória de nossa ancestralidade, daquelas que não estão mais aqui e na luta para garantir o futuro daquelas que ainda virão”, destacou Sônia. “Aldear a política não é apenas garantir nossa presença no governo, mas lutar por uma verdadeira mudança de postura em nossa sociedade para romper a violência que ainda acomete nossos corpos e nossos territórios. Nunca mais um Brasil sem nós, essa é nossa luta”, disse sob aplausos.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre urgência da demarcação de Terras Indígenas e da criação de novas Unidades de Conservação. Foto: Lillian Bento
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou dos desafios do governo Lula para a defesa do meio ambiente e combate às mudanças climáticas. “Quero agradecer o presidente Lula por escolher 11 mulheres para fazer parte do nosso governo e destacar que hoje nossa principal preocupação é com a demarcação de terras indígenas e a volta da criação de Unidades de Conservação (UCs)”.
A deputada federal, Célia Xakriabá, falou sobre defesa e conservação do Cerrado e lembrou que o cuidado das mulheres com a terra é fundamental para combater a degradação ambiental. “Nós falamos que o rio é pai e a terra é mulher, mas a verdade é que o rio também é mulher porque amamenta coletivamente a humanidade. Não existe floresta de pé se continuarmos a derrubar mulheres indígenas no chão. Nós fazemos o enfrentamento necessário”, enfatizou.
Na sequência, Joênia Wapichana reforçou o lugar da mulher indígena na luta ambiental. “Nossas conquistas mostram a capacidade das mulheres indígenas de ter um olhar de solidariedade e coletividade. Por isso as mulheres indígenas que estão na base, que lutam junto de suas comunidades, ao lado de suas famílias como guardiãs do território que devem ser as protagonistas dessa luta”, finalizou. A ministra do turismo, Daniela Carneiro, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também participaram da plenária.
Com o tema “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação não há democracia”, a 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL 2023) espera reunir cerca de seis mil indígenas. Trata-se da maior mobilização indígena do Brasil, que ocorre em Brasília (DF), entre os dias 24 e 28 de abril.
A programação conta com mais de 30 atividades divididas em cinco eixos temáticos: Diga o povo que avance; Aldear a Política; Demarcação Já; Emergência Indígena;e Avançaremos. A programação inclui também três marchas pelas ruas de Brasília. Nesta quarta-feira (26), o ato “Povos Indígenas decretam emergência climática!” pede atenção para o enfrentamento às violações ocasionadas pelas mudanças climáticas. Na quinta-feira (27), os movimentos sociais se reúnem em ato em defesa da democracia e na sexta-feira (28) é esperada a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A programação completa da 19ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL 2023) pode ser conferida no seguinte link: https://apiboficial.org/atl2023/
Lillian Bento
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