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Cerrado: o bioma da sociobiodiversidade

11 de setembro de 2021 - Cerrado

O mês de setembro de tom laranja amarronzado típico da seca do Cerrado sempre nos convida a falar sobre este que é o bioma mais antigo do Brasil (existe há mais de 65 milhões de anos). As raízes de tão profundas contorcem os troncos curtos da savana mais biodiversa do mundo. Em 11 de setembro, celebramos o Dia Nacional do Cerrado e, ao contrário de tudo que foi contato para gente ao longo da história, o Cerrado é um lugar cheio de vida e de sociobiodiversidade. Sabe por quê?

O Cerrado está presente em 11 estados brasileiros (Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, São Paulo, Paraná, Rondônia) e no Distrito Federal. Foto: Maiana Diniz / AQK

 

Concentra 5% de toda a biodiversidade do planeta e 30% da do Brasil. Foto: Fernando Tatagiba

 

Nosso berço das águas, ou a “caixa d’água do Brasil”, o Cerrado abriga oito das doze regiões hidrográficas brasileiras e abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil (Amazônica, Araguaia/Tocantins, Atlântico Norte/Nordeste, São Francisco, Atlântico Leste e Paraná/Paraguai). Foto: Germano Neto/Acervo FUNATURA

 

Estima-se que no Cerrado existam 2.500 espécies de animais, 12 mil plantas já catalogadas (100 com potencial alimentar humano e 400 com potencial medicinal). Foto: Fernando Tatagiba

 

Além de ser terra de mais de 20 segmentos de povos e comunidades tradicionais que habitam o Cerrado há mais de 12 mil anos e passam de geração em geração conhecimentos milenares da medicina tradicional, por exemplo. Foto: Acervo ISPN/André Dib

 

Então, sabe aquele discurso de que o Cerrado é um lugar hostil, vazio e desfavorável à vida. É exatamente o inverso: o Cerrado é um bioma diverso, fértil, rico e produtivo. Muito produtivo. E não estamos falando da produção de soja.

O Cerrado que produz comida

Foto: Acervo ISPN

Baru, Babaçu, Buriti, Jatobá, Macaúba, Coquinho azedo, Cajuzinho do Cerrado, Mangaba, Cagaita, Maracujá Nativo, Umbu, Cajá, Jabuticaba, Capim Dourado, Pimenta de Macaco, entre tantos outros. A produção da sociobiodiversidade vem ganhando o mundo. Além de gerar trabalho e renda para milhares de produtores extrativistas, contribui diretamente para a manutenção do Cerrado em pé (quase metade do bioma já foi desmatado) e a com a conservação do meio ambiente.

Conheça a cadeia produtiva do Baru 

Somente a Central do Cerrado, uma das mais de 50 entidades associadas à Rede Cerrado, congrega 21 organizações comunitárias de 9 estados. Juntas, representam cerca de 5 mil famílias produtoras que se organizam em cooperativas e associações de produção. Isso representa mais de R$ 1,5 milhão de faturamento anual. A comercialização é feita em diversos canais que vão desde a venda direta em lojas físicas instaladas em São Paulo (SP) e Brasília (DF), a loja virtual própria e marketplaces como o da Americanas.com e Mercado Livre.

O Cerrado que produz água

Foto: Fernando Tatagiba

Fabrícia é uma coletora de sementes nativas do Cerrado. Depois de sofrer com a falta de água em sua região, ela e outros moradores da comunidade Roça do Mato se uniram. Juntos, estão replantando o Cerrado no norte de Minas Gerais. Essa história foi contada no podcast Cerrados. Para ouvir, clique aqui!

O Cerrado que produz medicina tradicional

Foto: Luana Campos/ECOA

Entre a casca e o tronco aparece um remédio. Lucely Pio conhece as folhas, as raízes e até as entrecascas das espécies nativas do Cerrado. Seu ofício é curar dores e doenças com os ingredientes da farmácia viva que cerca sua comunidade. Ela vive em Goiás e seu quintal é a savana mais biodiversa do mundo.

Lucely é da quinta geração de descendentes que resistem e mantêm vivas as tradições da Comunidade do Cedro. “A gente conseguiu segurar até nos dias de hoje a atividade que é: cuidar das pessoas com as plantas medicinais”, conta.

O conhecimento passado de geração em geração garantiu à comunidade e à Lucely o reconhecimento como referência nacional na utilização de plantas medicinais. Hoje, o laboratório caseiro da Comunidade do Cedro produz remédios a partir de 450 espécies nativas diferentes, catalogadas e com seus usos descritos. As curandeiras da comunidade criaram o laboratório em 1997. De lá para cá, formularam cerca de 90 medicamentos.

A medicina das plantas 

O Cerrado que produz resistência, cultura e beleza

Foto: Thays Puzzi/Rede Cerrado

Um conflito por terra. Discordância, aflição, tabu. Mas encontros de mulheres fortalecem toda a comunidade. As Bordadeiras Retireiras do Araguaia costuram as sabedorias de viver nas margens de um dos maiores rios do Cerrado. Mulheres que unem conversa, proteção ambiental e luta pelo território tradicional no Mato Grosso.

Ouça aqui

Além disso, um movimento de mulheres negras que há mais de 30 anos transforma realidades no cerrado nordestino. As quebradeiras de coco babaçu mudam leis, constroem políticas públicas, revolucionam o ambiente político. Rosalva conta como trabalham para melhorar a qualidade de vida nos interiores do Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins.

Cultivar o bem viver. Clique aqui para ouvir

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