“De coração aberto, como esse coração que pulsa água para todo o Brasil, é assim que chega a Rede Cerrado e todas as organizações socioambientais do Cerrado à COP30, para mostrar a importância do nosso bioma e como ele é estratégico para a agenda climática.” A declaração é da secretária-executiva da Rede Cerrado, Ingrid Silveira, feita em Belém (PA), no início de novembro.
Ali começava uma intensa agenda de articulação política e incidência institucional dentro e fora da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). A Rede Cerrado marcou presença na Zona Azul, na Zona Verde e em uma série de eventos paralelos realizados na cidade, como a Cúpula dos Povos, a Casa Mídia Ninja, o CCCA Hub, a Casa Balaio e o Espaço Chico Mendes.
O objetivo foi evidenciar a centralidade do Cerrado para a segurança hídrica do Brasil e reforçar a relação intrínseca entre o bioma e a Amazônia, destacando o papel dos povos do Cerrado como linha de frente no enfrentamento às mudanças climáticas.
A seguir, alguns destaques da participação da Rede Cerrado na COP30.
Cinco biomas em Redes pela Conservação
O projeto Redes pela Conservação, do qual a Rede Cerrado faz parte, foi apresentado em 18 de novembro no Pavilhão Alemão, na Zona Azul da COP30. O evento reuniu representantes dos governos da Alemanha e do Brasil, da Cáritas Alemã e de organizações parceiras envolvidas na iniciativa.

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Mobilização pelo decreto de regularização fundiária
Povos e Comunidades Tradicionais de todo o país pressionaram o governo federal pela assinatura de um novo decreto que estabeleça um marco legal para o reconhecimento e a regularização fundiária de seus territórios. A pauta ganhou visibilidade durante a COP30, em painéis, debates e manifestações.

Prospera Sociobio: oportunidade para o Cerrado
Durante a COP30, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lançou, em 11 de novembro, o programa Prospera Sociobio. A iniciativa transforma as diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) em ações concretas nos territórios, com foco em povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares — uma oportunidade estratégica para o Cerrado e outros biomas avançarem na agenda da sociobioeconomia.

Fórum global para povos e comunidades tradicionais
Representantes de comunidades locais da América Latina, Caribe, África e Ásia, articulados em redes internacionais, levaram suas demandas ao centro das negociações climáticas da COP30, em Belém. O objetivo foi buscar reconhecimento político e garantir espaço de participação efetiva na agenda climática da ONU.

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Bloco do Cerrado na Marcha Global pelo Clima
O Bloco do Cerrado integrou a Marcha Global pelo Clima, realizada em 15 de novembro, em Belém. Um grande coração vermelho de papel machê identificava o grupo, em referência ao bioma considerado o coração geográfico do Brasil e fonte de água para a América do Sul. Carregado por ativistas, ao som de músicas e palavras de ordem, o bloco se destacou entre mais de 70 mil pessoas.

Sem mulher não tem Cerrado em pé
A mesa “Mulheres do Cerrado: Guardiãs do Coração das Águas do Brasil”, realizada na Zona Verde da COP30, debateu temas como regularização fundiária, inclusão da pauta de gênero na agenda climática, sobrecarga da economia do cuidado, divisão de responsabilidades e fortalecimento de novas lideranças femininas e jovens.
Participaram do debate Amanda Alves (Articulação de Mulheres pelo Cerrado – Oeste da Bahia), Maria Ednalva (MIQCB), Maria Apinajé (MOPIC), Paula Lima (Central do Cerrado), Isabel Figueiredo (ISPN) e Ingrid Silveira (Rede Cerrado), com mediação de Andrea Bavaresco (IEB).

Em Belém, onde rios se encontram, o Cerrado também desaguou. Levou suas águas, seus povos e suas vozes para lembrar ao mundo que, sem o coração do Brasil pulsando vivo, não há futuro possível para a agenda climática.




